sexta-feira, 16 de abril de 2010

Viagem

Vovô,

Daqueles três dias foras do tempo, não me esqueci de nenhum. Não esqueci do quanto vocês riram do segredo que contei. Da cara de Vovó quando ouviu. Da pesca dos cinco peixinhos. Do arco-íris inteirinho em cima do mar. Lembra de Vovó tirando a ciroula do traseiro? Ah, que engraçado que foi! A gente lá no sol e na areia, e no mar, e o amor era tanto, tanto, tanto que a gente não queria mais voltar pra casa, e a gente só ria. Nem o calor importava. Nem a fome. E toda hora você e Vovó riam do meu segredo. E me faziam rir também, porque a graça era sincera.

Tá aqui dentro ainda aquela lua cheia. Aquele passarinho azul e vermelho. A poesia sobre o velho e o mar. A bebida mágica de limão galego. O medo da serpente durante nossa caminhada na floresta. Aquele beija-flor pequeno e moribundo que de repente avoou de nossas mãos causando espanto e alegria. A dança desajeitada que a gente quase não dançou e que por isso não tomou muito jeito.

Depois de tanto, só me falta uma coisa, Vovô. O lenço de Maria que me prometeu.

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